Técnicas para a conservação de nascentes

Recuperar e preservar os mananciais garante a qualidade e a quantidade da água

A água é um recurso natural de altíssimo valor econômico, estratégico e social. O uso racional desse bem é indispensável. O abastecimento futuro só será garantido se a poluição dos mananciais e os gastos excessivos e indiscriminados forem evitados.

As nascentes são de fundamental importância, uma vez que a maioria delas pode fornecer água o ano todo, mesmo em períodos de estiagem. Algumas técnicas são recomendadas para a conservação das nascentes, de acordo com os seguintes princípios:

1 - As nascentes que fluem uniformemente durante todo o ano, independente de seu entorno possuir vegetação ou não, devem ser protegidas contra qualquer agente que venha a romper o equilíbrio, diminuindo a quantidade e a qualidade da água, ou seja, deve-se garantir os fluxos de água provenientes da área de recarga (bacia de drenagem) em direção à área de descarga (nascente). Normalmente, nessas regiões as chuvas são abundantes e as perdas de água por evaporação e transpiração, ainda que relevantes, não chegam a alterar significativamente o fluxo das nascentes. Como exemplo temos a região amazônica e algumas bacias montanhosas da região Sudeste do Brasil.

2 - Para as nascentes que possuem vazão irregular, seja em escala diária, mensal ou anual, a interferência do homem é necessária. As interferências devem dar preferência às técnicas vegetativas de conservação, ou seja, fazer a distribuição adequada da vegetação na bacia de contribuição da nascente, principalmente por meio da manutenção de cobertura nas encostas mais íngremes e nos topos dos morros, com espécies arbóreas para favorecer a infiltração de água no solo.

3 - Escolher as espécies, os espaçamentos e os sistemas de manejo capazes de produzir a menor perda possível por evapotranspiração, favorecendo, assim, o abastecimento do lençol freático responsável pela nascente.

4 - A melhoria do estado vegetativo das pastagens devem ser feitas com técnicas como rodízio, adubação e substituição de espécies forrageiras, adoção de sistemas silvipastoris, entre outras. Deve-se sempre procurar aumentar a infiltração de água no solo.

5 - Fazer uso de técnicas de manejo dos cultivos agrícolas que protejam bem o solo, tais como: manutenção de vegetação de cobertura entre fileiras da plantação, capinas em faixas, bateção entre fileiras da plantação, plantios diretos, plantios em faixas intercaladas e plantações sempre em nível.

6 - Pode ser feito o uso de renque de vegetação permanente, em nível, servindo de barreira à livre movimentação da água ao longo da superfície da encosta, facilitando a infiltração. A espécie utilizada não deve ser invasora.

Paulo Santanna e Castro, professor do curso Recuperação e Conservação de Nascentes, elaborado pelo CPT - Centro de Produções Técnicas, afirma que, na distribuição da vegetação na área de drenagem, as árvores e os arbustos devem ter raízes pouco profundas a fim de evitar uma exploração direta da água do lençol ou de uma camada maior do perfil do solo. Quanto maior a camada explorada pelas raízes, neste caso, maior será o consumo de água na região de umidade do solo, diminuindo o abastecimento do lençol freático e, consequentemente, a vazão da nascente.

Por: Virgínia Maria de Araújo

Virginia 28-12-2011 Agroindústrias

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